Movimento de Ocupação da Reitoria da UFBA - MORU

Desde o dia 1º de outubro DE 2007, estudantes da Universidade Federal da Bahia ocupam a Reitoria da instituição com o objetivo de protestar contra a atual (falta de) política de assistência estudantil da gestão do reitor Naomar de Almeida Filho e contra o decreto que institui o REUNI, além de pretenderem amadurecer o debate e a luta por um modelo de universidade realmente popular.

E-mail para contato: ocupacaoufba@gmail.com

Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=40242527

Chat: #reuni (basta escolher um "Nickname" depois Clicar no botão "Chat!")

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Denúncia e Repúdio

Carta Aberta à Sociedade Brasileira

Contra o Abuso e a Violência Sexual Contra a Mulher

Denúncia e Repúdio

Durante 46 dias (de 1º de outubro a 15 de novembro de 2007), o Movimento de Ocupação da Reitoria da Universidade Federal da Bahia, composto por estudantes desta universidade, ocupou o prédio da Reitoria da UFBA em luta incondicional pelo ensino público e pela democracia. Construímos e praticamos, nesse ínterim, uma ocupação e uma universidade viva. Chamamos para constituir este espaço toda a sociedade (em especial, os setores historicamente afastados) e nele abordamos, discutimos e vivenciamos suas problemáticas. Sendo assim, uma vez que decidimos não ignorar, não nos afastar, nem sermos omissos frente à realidade e aos problemas sociais, viemos a público denunciar e declarar repúdio aos atos de abuso e violência sexual contra a mulher cometidos nesta ocupação.

No período em que estivemos ocupados, por duas tristes vezes fomos vítimas de violências sexuais contra duas colegas.

Na madrugada do dia 14 para o dia 15 de outubro de 2007, a estudante de teatro da UFBA, C.S., foi molestada e sofreu tentativa de estupro pelo estudante de direito da Universidade Católica de Salvador, ADRIANO ROJAS. Na manhã do dia seguinte (15/10), a estudante, muito abalada, compartilhou o crime de que foi vítima com alguns (as) colegas. Decidimos, então, conversar com Adriano e expor que estávamos cientes do acontecido. Este mesmo se sentiu compelido a deixar a ocupação.

Durante a conversa, justificou-se argumentando que agiu “por instinto” e que havia sido uma situação “de momento”. Afirmou ainda que imaginou que a vítima, C.S., coadunou com a sua atitude, apesar da estudante estar dormindo durante o atentado. (A estudante só percebeu que estava sendo molestada ao acordar com os toques de Adriano em seu corpo). Não obstante, três dias depois, Adriano compareceu em Assembléia Geral dos Estudantes da UFBA (18/10) e ainda voltou à Reitoria ocupada, alegando inocência.

O outro lamentável episódio ocorreu também durante a madrugada: do dia 9 para o dia 10 de novembro de 2007. Ao chegarmos à ocupação, vindos de uma festa promovida para angariar fundos para o XI Encontro Nacional dos Estudantes de Artes, deitamo-nos para dormir. A estudante de teatro da UFBA, R.N., dormia com seu companheiro. Em um momento que este saiu para ir à cozinha, ANDREZZA ALMEIDA, estudante de ciências sociais da UFBA, aproveitou-se do estado de sonolência de R.N. e atirou-se em cima da estudante, agredindo-a e violentado-a sexualmente. Apesar de tentar se defender, a estudante não conseguiu impedir o crime, vez que a agressora lhe forçava os braços e lhe imobilizava com o peso do próprio corpo (a agressora pesa, aproximadamente, três vezes mais que a vítima).

Na manhã do dia seguinte (10/11), transtornada, R.N. contou para @s amig@s o ocorrido. A agressora, sob conselho do Diretório Central dos Estudantes, deixou a ocupação no mesmo dia.

A despeito de uma emergente pauta política e de mobilizações, no dia 12 de novembro, à noite, reunimo-nos urgente e exclusivamente para tratar dos crimes de agressão e violência sexual contra a mulher cometidos durante a ocupação. Concordamos em que nada seria mais importante e urgente, naquele momento, do que a vida e a integridade física e psíquica de nossas colegas agredidas.

Paramos todas as nossas atividades para ouvir o relato difícil e emocionado das duas estudantes, para lhes prestar todo o carinho e solidariedade, para lhes dar força necessária para denunciarem os crimes de que foram vítimas e para discutir profundamente a opressão contra a mulher em nossa sociedade.

Tudo o que conversamos foi feito em um ambiente de profundo respeito e de fortes laços de confiança entre @s estudantes. Durante a extensa e emocionante reunião debatemos com coragem o assunto e descobrimos que a opressão, a agressão e a violência contra a mulher não é algo distante, inexistente, ou restrito a camadas sociais específicas. Diversas colegas, sentindo-se à vontade e confortáveis para compartilharem seus traumas ou experiências de agressão ou violência sexual sofridas em suas vidas, relataram, emocionadas, casos de violência doméstica, abuso sexual contra a criança, estupro e aborto.

Nenhum de nós, homens ou mulheres, estávamos preparados ou sabíamos como lidar com a dureza e violência de todas aquelas declarações. Refletimos conjuntamente em como poderíamos agir diante dos crimes contra a mulher praticados durante a ocupação sem reproduzir práticas opressoras, machistas ou homofóbicas.

Optamos por não nos calar. Não fingir que nada aconteceu ou “varrer para debaixo do tapete”. Resolvemos, com força, coragem e respeito às colegas agredidas e violentadas, denunciar os crimes contra a mulher cometidos durante a ocupação.

Sabemos que enfrentaremos uma polícia e uma justiça machistas, que, via de regra, constrangem e condena a vítima de agressões e violências sexuais. Sabemos que vamos enfrentar a mídia insensível, oportunista e hipócrita que não se cansou em nos tachar de vândalos, baderneiros e fanfarrões, quando estávamos lutando pela educação brasileira e que não oscilará em utilizar os fatos contra nós. Que enfrentaremos a hipocrisia de diversos setores da sociedade que se omitem diante do absurdo e da tragédia que representam o abuso e a violência sexual contra a mulher. Sabemos que vamos ter que dobrar esforços para proteger e acalentar nossas colegas, vítimas dos atentados. Mas não fugiremos à verdade.

Para aqueles que identificarem os estudantes ou o movimento estudantil como detentores do monopólio da opressão, agressão e violência contra a mulher, oferecemos de antemão o nosso repúdio e o nosso valioso conselho para serem mais sensíveis e olharem à sua volta. Durante todo o corajoso debate que tivemos, descobrimos que os crimes de agressão e violência sexual contra a mulher cometidos entre nós não são exceção, nem estão restritos ao ambiente acadêmico ou estudantil. Infelizmente, e segundo dados da própria Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, esses crimes estão disseminados “democratimente” em todos os setores ou estratos sociais e apenas 10% deles são denunciados. Não contribuiremos para a estatística da omissão.

Denunciamos ADRIANO ROJAS, estudante de direito da Universidade Católica do Salvador e ANDREZZA ALMEIDA, estudante de ciências sociais da Universidade Federal da Bahia por crimes de abuso, agressão e violência sexual contra a mulher, cometidos durante a ocupação da Reitoria da UFBA. Já oficializamos queixas-crime contra @s agressores na Delegacia Especial da Mulher.

Repudiamos com veemência tais crimes e todos aqueles praticados contra a mulher e cobramos do Estado mais políticas, mais cuidado e atenção para as mulheres brasileiras.

Informamos e exigimos a todas as entidades das quais fazem parte os denunciados (DCE, Coletivo KIU, PSOL-MES) que sejam tomadas as medidas emergenciais cabíveis.

Em tempo, solidarizamo-nos com todas as mulheres que foram ou são vítimas de opressão, agressão, abuso e violência sexual. Desejamo-lhes força e coragem para denunciarem e oferecemos o nosso pesar e o nosso carinho. Lembramos e salientamos a importância do dia 25 de novembro – Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres e convidamos tod@s a se informarem e participarem da Campanha 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres (de 20 de novembro ao dia 06 de dezembro de 2007): http://www.agende.org.br/.

Nossa luta pela educação pública, direito básico do ser humano, e pela democracia, submete-se primordialmente ao respeito, ao afeto e à atenção pel@ outr@. A violência cometida contra as duas estudantes foi cometida contra tod@s nós. Estamos do lado da verdade. E vamos até o fim.

M.O.R.U.

Movimento de Ocupação da Reitoria da UFBA

04 de dezembro de 2007

domingo, 2 de dezembro de 2007

REUNIÃO TERÇA-FEIRA, 04/12


EI, NÃO ESQUEÇA!

REUNIÃO DO MORU

04/12 - TERÇA-FEIRA - 19H
NO DAMED.

PAUTA:
1) MORU NAS FÉRIAS;
2) CONFRATERNIZAÇÃO.

ATÉ LÁ!

Relato - Reunião Conselho Universitário 30/11

Reitoria da UFBA:
Arbitrariedade em Nome da Aprovação do Reuni

Em reunião do Conselho Universitário, realizado na última sexta-feira, dia 30 de novembro, a reitoria da UFBA, e seu grupo de apoio, mais uma vez demonstraram que estão dispostos a legitimar ações arbitrárias em nome da aprovação da adesão da universidade ao REUNI.

Por quase duas horas, esteve em discussão a posse dos conselheiros que representam o corpo docente no conselho. Isso porque, no dia 01 de outubro, o Profº Dirceu Martins, do Instituto de Química, impetrou recurso apontando irregularidades no processo eleitoral dos representantes docentes em processo eleitoral organizado pela Associação dos Professores Universitários da Bahia – APUB.

Entretanto, mesmo antes do Consuni apreciar o recurso impetrado pelo profº Dirceu, o “Magnífico” reitor Naomar Monteiro de Almeida Filho, através de portaria assinada no dia 15 de outubro, deu posse aos dois conselheiros representantes do corpo docente. Ação arbitrária e ilegal, haja vista que o recurso ainda não havia sido julgado.

Desrespeitando a própria ordem jurídica, a opção da maioria do Conselho Universitário foi a de que os dois conselheiros continuassem participando das reuniões do Consuni (inclusive com direito à voto) até que sua participação fosse julgada pela Comissão de Normas e Recursos da universidade, ignorando que a presença dos conselheiros, claramente de forma irregular, havia interferido numa decisão de extrema relevância para a universidade (a adesão, ou não, ao REUNI).

Assim, em tom de protesto, os estudantes que assistiam à reunião se recusaram a legitimar aquele conselho, assim como outros professores que se retiraram da reunião. Ainda sob mesmo tom, os estudantes protestaram contra a arbitrariedade com que essa decisão foi tomada na universidade. Durante o protesto, a reunião do conselho foi suspensa, mas estamos atentos às arbitrariedades que o reitorado da UFBA insiste em tentar legitimar.

domingo, 25 de novembro de 2007

REUNIÃO DO MORU TERÇA-FEIRA!!!

REUNIÃO DO MORU
TERÇA-FEIRA, 27/11/07, 19h, NO DAMED
PAUTA:
  1. AÇÃO POLÍTICA DO FINAL DE SEMESTRE;
  2. MORU NAS FÉRIAS;

Carta de repúdio ao reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar de Almeida Filho

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Nós, estudantes de Física da Universidade Federal da Bahia, vimos a público manifestar nosso repúdio às ações do professor Naomar de Almeida Filho, reitor desta universidade. No dia 23 de agosto deste ano, Naomar veiculou um documento, assinado por ele, no qual constava a suposta verba que a universidade receberia caso aderisse ao Programa de reestruturação e expansão das universidades federais – Reuni, decreto presidencial 6096 de 24 de abril de 2007. Esse documento trazia números distorcidos e em dissonância com a realidade, onde dava a entender que o orçamento da UFBA cresceria em quase 110%, quando na verdade o programa prevê no máximo um aumento de 20%. Apesar da contestação por parte de alguns professores dentro do Conselho Universitário (consuni), o reitor sustentou aquele documento por diversas reuniões seguidas deste órgão, até finalmente ser desmascarado numa reunião conjunta do consuni com o Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (consepe). Como confiar em um reitor que falsifica documentos?

Naomar continuou aprontando das suas. No dia 19 de outubro de 2007, no auditório da Faculdade de Direito, o magnífico passou por cima dos estudantes e de toda comunidade acadêmica, inclusive do Conselho Universitário, órgão extremamente prezado por todos, devido a sua enorme importância dentro da academia. Numa tentativa de reunião do consuni, um protesto estudantil muito intenso aconteceu, o qual não aceitava a realização do conselho sem antes ter sua única reivindicação atendida, a leitura de uma carta, que solicitaria um maior debate na universidade antes de se votar o Reuni, visto que o decreto tinha na época seis meses de existência. Naomar não permitiu a leitura da carta e como se não bastasse a postura autoritária, abriu a sessão do conselho e no meio de uma enorme confusão, entre palavras de ordem estudantis, empurrões de seguranças, insatisfação de diversos conselheiros, Naomar diz ter aprovado o Reuni. Não houve quorum, não houve ata e nenhum conselheiro teve sequer direito de se expressar, quanto mais o de votar. No entanto, Naomar de Almeida Filho noticiou no site da UFBA que o Reuni tinha sido aprovado por unanimidade e aclamação dentro daquele conselho. Como confiar em um reitor autoritário, antidemocrático e mentiroso?

A última do magnífico foi a mais grave de todas. No dia da proclamação da república, 15 de novembro, Naomar acabou de matar a democracia dentro da Universidade Federal da Bahia. Ao invés de sentar e negociar com os estudantes que já há 46 dias ocupavam a reitoria desta universidade, o reitor escolheu o caminho mais truculento de todos, mandou a Polícia Federal invadir o campus da UFBA - coisa que não acontecia desde 2001, quando ACM mandou a polícia militar invadir o campus do Canela e bater nos estudantes. Na reitoria a polícia espancou e humilhou os estudantes. Humilhou-nos quando, pelos cabelos, arrastou vários até o lado de fora do prédio da reitoria, quando nos fez sentir na pele e nos olhos o que era um spray de pimenta e quando sem acusação levou preso quatro estudantes. Depois do atroz ato praticado, no dia seguinte ao ocorrido, Naomar veio a público, através da mídia, desferir mais um ataque aos mesmos estudantes. Disse que entraria com processo administrativo contra estes, com o intuito de expulsa-los da universidade.

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Para nós, basta! Fora, Naomar!

Pela re-democratização da universidade!

Por uma universidade verdadeiramente pública! Não ao Reuni - por uma expansão com qualidade!

MOÇÃO DE REPÚDIO À INVASÃO DA POLÍCIA FEDERAL À REITORIA OCUPADA DA UFBA
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A Federação Nacional d@s Estudantes de Artes (FENEARTE), em plenária geral de estudantes, realizada realizada no XI ENEARTE (Encontro Nacional d@s Estudantes de Artes), na Escola de Educação Física Desportos da UFRJ, entre os dias 15 e 21 de novembro de 2007, vem, por meio desta, manifestar total repúdio à atitude autoritária e violenta do Reitor Naomar Almeida que, no dia 15 de novembro último, ordenou a invasão da Polícia Federal ao prédio da Reitoria da UFBA, ocupado pacificamente há 46 dias por estudantes que lutam por uma POLÍTICA DIGNA DE ASSISTÊNCIA E PERMANÊNCIA ESTUDANTIS e CONTRA O REUNI.

A invasão da Polícia Federal, principalmente em tempos de dita democracia, configura-se absurda, pois rompe com todos os princípios de diálogo e autonomia acadêmica. A inferência da Polícia na esfera da Universidade a pedido de um Reitor representa nitidamente a recusa ao diálogo e à negociação com @s estudantes. O dia 15 de novembro, simbólico por ser o dia da proclamação da República, fica marcado, a partir de agora, como o dia em que estudantes foram espancados, molestados e presos por estarem pacificamente lutando por uma Universidade verdadeiramente DEMOCRÁTICA, POPULAR e de QUALIDADE.

Dessa forma, @s estudantes de artes reafirmam o repúdio às atitudes autoritárias e violentas do Reitor-ditador Naomar Almeida e da Polícia Federal. E, mais que isso, manifesta total solidariedade aos estudantes que desde o dia 1° de outubro d 2007 ocuparam sua Reitoria, na busca por uma UNIVERSIDADE VIVA, com uma política digna de assistência estudantil e contra o REUNI.
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FENEARTE - Federação Nacional d@s Estudantes de Artes

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

FIM DA GREVE DE FOME

GREVE DE FOME CONQUISTA GARANTIA QUE A ADMINISTRAÇÃO NÃO PUNIRÁ ESTUDANTES!!!
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Após quase 24 horas de greve de fome em protesto contra a criminalização e perseguição dos estudantes da UFBA pela Administração Central, o vice-reitor Francisco Mesquita, assinou documento comprometendo a Reitoria a não punir administrativa ou academicamente os estudantes que participaram da ocupação e mobilizações.

Veja matéria do Jornal A Tarde de 23/11/07:
http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=809050#


Acordo põe fim a greve de fome

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Danile Rebouças e Jane Fernandes, do A Tarde

A greve de fome iniciada por seis alunos da Universidade Federal da Bahia (Ufba) não chegou a completar 24 horas. O movimento terminou nesta quinta, às 21h20, quando os estudantes conseguiram atingir o objetivo perseguido. “Queríamos um documento no qual a Ufba se comprometesse a não punir administrativa ou academicamente os participantes da ocupação da Reitoria”, explicou Maíra Guedes, que, juntamente a outros cinco colegas, passou o dia ingerindo somente água e soro caseiro.

Segundo Maíra, o documento tem a assinatura do vice-reitor da Ufba, Francisco Mesquita, que já tinha sinalizado à reportagem que estava disposto a negociar. Membro do diretório acadêmico da Faculdade de Teatro, Maíra destaca que o compromisso escrito ainda precisa ser referendado pelo Conselho Universitário (Consuni), que se reúne na próxima semana.

Os manifestantes esperam que o Consuni confirme a decisão de não haver sanções tanto para os três alunos que foram presos (o quarto não era da instituição) quanto para os moradores da residência universitária, responsáveis pelo início da ocupação.

Os seis grevistas pararam de comer na noite de quarta, após jantar feijão, arroz e carne. Durante todo esta quinta, eles ficaram em barracas em frente à Reitoria, com o apoio de alguns colegas e o acompanhamento de dois estudantes de medicina.

LEVANTAMENTO – A Reitoria está interditada para vistoria patrimonial. Na próxima semana, deve ser concluída a averiguação. Apesar de os alunos terem conseguido uma vitória, o reitor Naomar Almeida havia declarado, antes do acordo, que é sua obrigação de gestor público instaurar processo administrativo quando o patrimônio é ameaçado. No entanto, uma posição definitiva só poderá ser assumida após conclusão do relatório da vistoria do prédio.

A Reitoria foi ocupada no dia 1º de outubro por estudantes insatisfeitos com as condições da residência universitária. O movimento acabou agregando apoiadores e novas pautas, como o protesto contra o Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais). Durou 46 dias e terminou somente com a intervenção da Justiça e a retirada dos ocupantes pela Polícia Federal, há uma semana.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

NOTA PÚBLICA

ESTUDANTES DA UFBA EM GREVE DE FOME CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO E PERSEGUIÇÃO DOS ESTUDANTES


Durante 46 dias ocupamos a Reitoria da Universidade Federal da Bahia em luta por assitência estudantil digna e em defesa do ensino público brasileiro contra o REUNI.

A ocupação se deu de forma pacífica e legítima. Abrimos e construímos o diálogo com a comunidade acadêmica e com a sociedade sobre o descaso com a assistência estudantil deste reitorado e sobre a atual situação - precária - do ensino superior público brasileiro e os ataques que, ainda assim, ele vemsofrendo. Colocamos em mesa de discussão ampla e pública o decreto que institui o REUNI: elitização, privatização e super-precarização do ensino público.Convidamos para participar e compor a Universidade setores da sociedade historicamente impedidos do livre acesso ao conhecimento: o Movimento dos Trabaladores Rurais Sem Terra, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de Salvador e o Movimento Negro Unificado visitaram, apoiaram e debateram conosco um projeto de universidade pública, gratuita, de qualidade e POPULAR.Contrário às acusações da Reitoria, estamos em luta incondicional pela democracia. Anti-democráticas foram as atitudes e posicionamentos do atual reitorado, que tenta impor a aprovação do REUNI sem o debate necessário, que frauda o Conselho Universitário e que foge de todo e qualquer espaço de discussão amplo e qualificado.

No último dia 15 de novembro, a postura anti-democrática e autoritária do atual reitorado revelou-se perante toda a sociedade. À mando do Reitor Naomar de Almeida Filho, a Polícia Federal invadiu a Reitoria, expulsou, agrediu e prendeu estudantes que se organizavam pacificamente. Ironicamente, no mesmo momento em que o Reitor pronunciava em rádio o zelo pela democracia, a Polícia Federal, sob o seu comando, nos revelava o verdadeiro teor de "sua" democracia: socos, pontapés, sprays de pimenta e prisões. O diálogo, que deveria ser cultivado na universidade, foi preterido em razão da violência e autoritarismo do Reitor.

Não bastasse, a Administração Central (Reitoria e Procuradoria Geral) ameaça, em público, jubilar os estudantes presos e processar individualmente cada estudante que construiu a ocupação, espaço legítimo de luta e manifestação. No caso dos estudantes residentes, a vingança do reitorado ainda é maisviolenta: uma simples ameaça pode lhes tirar o direito à residência e expulsá-los da universidade, uma vez que não terão moradia na cidade.

A perseguição aos estudantes reafirma e acentua a distância entre o discurso e a prática deste reitorado. Negar-se ao diálogo, fugir dos espaços dediscussão e negociação, fraudar Conselhos, tratar estudantes como criminosos e persegui-los não constitui o exercício da democracia. Representa, ao contrário, o autoritarismo, a truculência e o sepultamento das garantias democráticas mínimas dentro da universidade.

Estamos em GREVE DE FOME indignados pelas aitudes e posturas do atual reitorado e contra a criminalização e preseguição dos estudantes.


LUTAMOS EM DEFESA DA DEMOCRACIA.

Rafael
Lua
Maíra
Marcos
Hugo
Cândido

PROCURADORA GERAL DA UFBA PRESA POR ACUSAÇÃO DE FRAUDE

PROCURADORA-GERAL DA UFBA, ANA GUIOMAR, É PRESA POR PARTICIPAÇÃO EM ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA!

Ana Guiomar Nascimento, Procuradora-Geral da UFBA, que autorizou a invasão da Polícia Federal à Reitoria e a agressão e prisão dos estudantes, é presa por participar de organização criminosa que fraudava licitações com empresas terceirizadas


Veja na Íntegra Matéria do Jornal A Tarde:

Polícia Federal realiza operação em Salvador

Nelson Luis, do A Tarde On Line*

Policiais federais prenderam 16 pessoas na "Operação Jaleco Branco", na manhã desta quinta-feira, 22, em Salvador. Os envolvidos são suspeitos de participar de uma organização criminosa especializada em fraudar contratos e licitações públicas de secratarias e outros órgãos públicos. A ação teve início às 6h e mobilizou 200 policiais. Foram expedidos 40 mandados de busca e apreensão e 18 de prisão.

Na capital baiana, a ação resultou na prisão de 16 pessoas até o momento. Entre os detidos estão, Antônio Honorato, ex-presidente da Assembléia Legislativa e atual presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE); Marcelo Guimarães, ex-presidente do Esporte Clube Bahia e ex-deputado estadual (PL-BA); Ana Guiomar, procuradora geral da Universidade Federal da Bahia (Ufba); Elsio Andrande, ex-diretor geral da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab); Jairo Costa, conhecido como Barão, proprietário de restaurantes e empresas de segurança; Clemilton Andrande, proprietário de empresa de segurança e limpeza; e Afrânio Matos, apontado como laranja de Marcelo Guimarães, proprietário do Postdata.

Estão envolvidos também servidores do INSS e da Receita Federal, além de funcionários da Secretaria do Estado e da Prefeitura, que participavam, principalmente, na emissão indevida de certidões negativas. Todos os detidos foram encaminhados para a sede da PF, no bairro de Água de Meninos, onde prestam depoimento. Eles serão levados ainda nesta quinta para a Superintendência do órgão em Brasília.

Segundo a PF, o esquema era composto por empresários do ramo de prestação de serviços, principalmente de conservação, limpeza e segurança, e atuava na Bahia em licitações federais, estaduais e municipais. Os crimes praticados contavam com a participação de servidores públicos de diversos órgãos. Os mandados foram expedidos pela ministra do Superior Tribunal de Justiça (STF) Eliana Calmon.

As investigações, que começaram em 2005, apontam superfaturamento de preço, formação de cartel e utilização de empresa de fachada. O esquema se beneficiava ainda de contratos emergenciais repletos de vícios. Ainda de acordo com o órgão, a organização criminosa que atua há mais de 10 anos, causou um prejuizo aos cofres públicos de aproximadamente R$ 625 milhões.

*Com informações do repórter Adilson Fonsêca e Flávio Oliveira, do A Tarde

http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=808748
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Leia abaixo declarações da procuradora sobre a invasão e agressão da Polícia Federal:.“Tomamos essa medida como prevenção de novas ocupações”"Se houver a necessidade de força policial, ela agirá de forma pacífica, ordeira, mas enérgica!"http://ibahia.globo.com/plantao/noticia/default.asp?id_noticia=161401&id_secao=151
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"O reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar de Almeida Filho, deverá abrir processo administrativo disciplinar contra os estudantes que participaram da ocupação do prédio da Reitoria. A informação é da procuradora geral da Ufba, Anna Guiomar Nascimento. As punições vão de advertência a expulsão (jubilamento) da universidade
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Sobre a identificação daqueles que participaram da ocupação, que atingiu também o prédio da Superintendência Acadêmica, Anbba Guiomar explicou que a tarefa será facilitada pela presença de 'vários' vídeos na internet, disponibilizados pelos próprios estudantes. Além disso, a Polícia Federal gravou a desocupação desta quinta-feira, 15 de novembro. As imagens não foram divulgadas para a imprensa.

"http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2007/11/16/327192279.asp
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“Não houve truculência policial, os relatos que afirmam agressões por parte dos agentes da Polícia Federal não correspondem à verdade”
http://www.correiodabahia.com.br/aquisalvador/noticia.asp?codigo=141505
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“Não houve agressões por parte da polícia. Era preciso ser enérgico com aqueles que não aceitaram a saída pacífica
"http://www.atarde.com.br/vestibular/noticia.jsf?id=806908

Texto do Profº Nelson Pretto* publicado no A Tarde

Ufba: O desafio do diálogo

A sociedade baiana acompanha a grave crise institucional da história recente da Ufba, fruto da ação da Reitoria no sentido de tentar impor a sua vontade na implementação da política do governo federal para reestruturação das universidade públicas (Reuni).

Numa intensa ação midiática, ao longo do último ano, o reitor da Ufba vem apresentando o polêmico Projeto Universidade Nova, que prevê outro funcionamento da universidade, com mudanças nos cursos de graduação, através dos chamados bacharelados interdisciplinares.

Alguns dos elementos deste projeto acabaram inseridos no decreto do MEC (Reuni) que anuncia recursos para as universidades públicas que se submetam ao chamado “modelo Reuni”. Contudo, diversas unidades e inúmeros docentes apresentaram críticas aos mencionados projeto e decreto. Entre seus opositores, os mais barulhentos, sem dúvida, têm sido os estudantes. Protestando contra as insuficientes políticas de assistência estudantil, contra a citada proposta de reestruturação da universidade e, principalmente, contra os métodos que a administração central da Ufba vem usando para fazer valer as suas posições, os estudantes ocuparam a Reitoria durante mais de 40 dias.

É óbvio que não se trata aqui de apoiar ocupações, pura e simplesmente. No entanto, não se pode simplesmente desqualificar essa forma de protesto. Note-se que, neste processo, o conselho máximo da Ufba não foi chamado para tratar da crise institucional que se instalara, e que foi agravada em 19 de outubro passado, quando fora convocado para reunir-se na Faculdade de Direito, e não na Reitoria recém-ocupada. Nesse dia, os estudantes intensificaram o protesto, conturbando a reunião, e, a despeito disso, o reitor conduziu uma “votação”, literalmente no grito, para aprovar a adesão da Ufba ao Reuni.

Tal evento jamais poderia ser considerado uma reunião do Egrégio Conselho Universitário, do ponto de vista jurídico, tampouco do ponto de vista ético e político. Enquanto isso, a Reitoria continuava ocupada, e a pauta das reivindicações dos estudantes, obviamente, passou a incluir a anulação do lastimável episódio do dia 19. Porém, acirrando o embate com os alunos, a Reitoria, que até então se limitara a tímidas negociações, pediu reintegração de posse, culminando na ação da Polícia Federal a invadir o Palácio da Reitoria no último dia 15, ironicamente o dia da Proclamação da República.

A lamentável imagem, estampada em A TARDE, no dia seguinte, mostrava os nossos estudantes dentro de camburões da polícia, confirmando o que antevíamos: a absoluta incapacidade da liderança institucional para a prática do diálogo.


Igualmente, ou talvez mais lastimável, foi a nota divulgada pela Andifes, associação dos reitores das universidades públicas brasileiras, considerando as manifestações políticas dos estudantes como tendo “conteúdo fascista e totalitário”. Estranho e deplorável comportamento de adultosprofessores, alguns dos quais, na história recente do País, acirraram a luta política com duras ações que contribuíram para a reconquista democrática.

Estar aberto ao diálogo é uma das características mais fundamentais dos profissionais da educação, e quem é de fato professor sabe disso. Lamentável, portanto, que a Reitoria não tenha tido a capacidade de dialogar com os estudantes e que, não atenta aos insistentes pedidos de vários diretores de unidades, tenha se recusado a convocar o Conselho Universitário para mediar a crise.

As manifestações ruidosas da juventude são fundamentais para as transformações da sociedade. Escola e universidade não foram feitas para acomodar, mas sim para provocar o instituído, e constituir-se como embrião do novo. Os estudantes, que, felizmente, têm retomado as suas articulações políticas, na Ufba, vêm dando um exemplo de compromisso com a instituição, em incisiva participação nos conselhos superiores, onde fazem uma defesa intransigente e competente da universidade pública.

Ter a capacidade de escutar os diferentes e, com eles dialogar, é o requisito e desafio maior de um dirigente universitário. Em qualquer época, mas especificamente em momentos de crise, o diálogo precisa ser buscado, à exaustão. Poucas vezes tivemos a polícia dentro da Ufba e em todas elas reagimos com firmeza. Nessa última, no dia da República, a presença da polícia, a respaldar ação da própria Reitoria, envergonhou e maculou a nossa instituição.
* Nelson Pretto é diretor da Faculdade de Educação da UFBA.

Matéria - A Tarte 22 de Novembro

Alunos começam greve de fome

Um prato de feijão, arroz e carne bem devorado no Shopping Center Lapa foi o último jantar antes da greve de fome de seis estudantes da Universidade Federal da Bahia (Ufba), iniciada ontem, por volta das 22 horas, na frente da Reitoria.Reforçaram na comida para suportar a boca fechada o máximo de tempo possível em protesto contra ameaças da Reitoria de abrir processos administrativos disciplinares contra estudantes envolvidos na recente ocupação.

Munidos com barracas de camping, sacos de dormir e com um forte sentimento de coleguismo, eles armaram acampamento nas escadarias em frente ao prédio administrativo para apoiar os colegas ameaçados e garantir que os moradores das residências universitárias que participaram da ocupação de 46 dias não sejam despejados de seus quartos. “Vamos ficar sem comer até sair uma resolução da Reitoria garantindo que não haverá retaliação por causa da ocupação”, garantiu Maíra Guedes, 20, uma das grevistas, estudante de teatro e moradora temerosa de perder seu lugar na residência. Três homens dentro de um carro da Ufba acompanharam a montagem do acampamento.

Além de Maíra, fazem parte do protesto Rafael Portela, 24, do curso de história, Luamorena Leoni, 22, de medicina, Marcus Vinícius Oliveira, 21, filosofia, Cândido Vinícius, 22, e Hugo Dantas, 21, estudantes de ciências sociais. Quem não vai fechar a boca e participa do movimento, cuida da logística da greve, fazendo a segurança como sentinela e atentos aos grevistas, inclusive durante a madrugada.

O estudante Hugo Dantas, 20, um dos grevistas, acha que “a greve é uma forma de solidariedade aos estudantes que estão sendo criminalizados pelo reitor”. Rafael Portela, que também participa do protesto, afirma que a greve se justifica porque “não há qualquer espaço de diálogo com o reitor” e que “a greve se sustenta como a única medida viável e possível”.

O reitor da Ufba, Naomar Almeida, acha que uma greve de fome baseada na falta de diálogo não procede, já que ele esteve “sempre aberto a negociar e conversar”. Sobre a acusação de perseguição política, o reitor diz que é “obrigação legal de qualquer gestor público instaurar um processo administrativo quando o patrimônio sob sua gestão é ameaçado”.

Luamorena Leoni diz que a greve de fome não era viável anteriormente por causa da pauta extensa de discussão, mas que agora “com um assunto específico, que é a perseguição política aos estudantes, essa ação enérgica precisou ser tomada”.Perguntada se irá levar a atitude até as últimas conseqüências , ela apenas balança a cabeça afirmativamente.

Os processos ainda não foram abertos e dependem primeiro da realização do inventário dos bens da Reitoria e dos outros prédios que foram ocupados. “Só então será possível avaliar os danos e procurar os responsáveis”, afirma Anna Guiomar, procuradora-geral da Ufba. Após o levantamento dos prejuízos, será instalada uma comissão, que terá o poder de expulsar os estudantes da Ufba.


Matéria - Site IBAHIA

Alunos da UFBA iniciam greve de fome
22/11/2007 - 8h26m

Uns vão pressionar o Conselho Universitário (Consuni) para impedir a abertura dos processos administrativos disciplinares, enquanto outros, poucos, iniciam uma greve de fome coletiva. São estas as duas estratégias usadas pelo movimento estudantil para evitar que os participantes da ocupação da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba) sofram punições, que vão de advertência a expulsão (jubilamento). Seis dias após serem expulsos pela Polícia Federal, os alunos voltaram, ontem (21) pela manhã, ao prédio no Canela para realizar uma assembléia geral.

A partir das 20h de ontem, seis alunos iniciaram o jejum acampados em frente ao prédio da reitoria: Luamorena Leoni, 22 anos, (medicina), Cândido Vinícius, 21, e Hugo Santos Dantas, 20 (ciências sociais), Maíra Guedes, 20, (teatro), Marcus Vinícius Moura Oliveira, 23, (filosofia) e Rafael Portela, 23, (história). “Estamos preparados psicologicamente para agüentar a barra”, avisou Luamorena. Eles afirmaram que beberão apenas água. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) afirmou que trata-se de “uma decisão espontânea”, que não foi discutida pela entidade.

Os jejuadores dizem estar dispostos a “agüentar a barra” até amanhã de manhã. É quando o DCE espera realiza uma reunião do Consuni e sancionar uma resolução, aprovada na assembléia, em que a universidade se comprometeria a não punir os participantes da ocupação. A entidade conseguiu 20 assinaturas, três a mais do que necessário, para convocar os conselheiros, mas a data da reunião ainda não foi aceita pela reitoria.

Morador da unidade da Residência Universitária, no Corredor da Vitória, Marcus Vinícius participou da ocupação que durou 46 dias. Ele teme que uma eventual punição, mesmo que seja apenas uma advertência, possa acarretar sua expulsão do lugar onde mora. “Isto não se dá de modo tão automático, mas é passível de acontecer, sim”, afirma o pró-reitor de Assistência Estudantil, Álamo Pimentel.

*Fonte: Correio da Bahia

http://ibahia.globo.com/plantao/noticia/default.asp?id_noticia=161999&id_secao=151

Matéria - Jornal A Tarde - 21 de Novembro

Alunos anunciam greve de fome

Zezão Castro, do A Tarde

Depois da desocupação da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba) por intermédio da Polícia Federal no último dia 19, os estudantes decidiram radicalizar. Pelo menos seis deles já anunciaram que vão iniciar uma greve de fome nesta quarta, em protesto contra a forma como o reitor Naomar Almeida tem conduzido o debate em torno do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades federais – Reuni, projeto da União que a Ufba pretende aderir.

Nesta quarta acontecerá, a partir das 9h, uma reunião de estudantes na Reitoria da Ufba para discutir novas estratégias de protesto. A deliberação para uma nova ocupação não está descartada. Na coletiva realizada nesta terça no auditório da Faculdade de Arquitetura, na Federação, forraram a mesa da plenária com uma toalha preta, simbolizando o estado de ânimo.

Sentados à mesa estavam a estudante de medicina Luamorena Leoni, a diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carolina Pinho, o coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Gabriel Oliveira, o diretor do DCE, João Gabriel, a integrante do diretório acadêmico de teatro, Maíra Guedes e o diretor de informação do DCE, Emanuel Freire.

“O que está acontecendo por parte da Reitoria agora é perseguição contra os residentes que participaram da ocupação e agora serão submetidos ao Conselho Social de Vida Universitária”, disse Maíra Guedes. Ela acrescenta ainda que “98% deles não têm condição de morar em Salvador sem a residência”. Todos os quatro estudantes presos no último dia 19, estão fichados na PF.

Na ação, os policiais utilizaram spray com gás de pimenta. As acusações que pesam sobre os alunos é a de “descumprimento de ordem judicial e resistência”.

Os estudantes anunciaram nesta terça seis nomes que já aderiram ao jejum como protesto: Luamorena Leoni, 22 anos e Danilo Lobo 23, (medicina); Cândido Vinícius, 21 e Hugo Dantas, 20, (ciências sociais), Rafael Portela, 23 e Marcus Vinícius, 21, (filosofia).

Na ocasião da coletiva, as lideranças denunciaram que não conseguiram a expedição de guias para exame de corpo delito após o conflito com a PF. No momento da ação policial havia cerca de 40 alunos na Reitoria. Segundo a aluna Maira Guedes, “estávamos protestando pacificamente e fui arrastada pelos cabelos pelas escadas, ainda estou com os joelhos roxos”. O aluno Emanuel Freire, assim como os demais, batem pé firme: “Nós não concordamos com esta proposta do reitor de criar 17 mil novas vagas, sendo que dessas, 10 mil serão destinadas a pessoas que estudarão três anos e que não terão valor de 3º grau. Não queremos transformar a universidade num escolão”.

Segundo os estudantes, no dia 19, data em que houve uma reunião do conselho universitário (Consuni) no auditório da Faculdade de Direito, o reitor teria desconsiderado a ausência de quórum e, mesmo assim, foi votada a adesão da universidade ao problemático Reuni. “Não estavam lá vários conselheiros, ninguém viu esta ata. Não foi legítimo”, protestou a diretora da Une, Carolina Pinho. A Reitoria da Ufba considera a adesão válida.

http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=808197
GREVE DE FOME CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO E PERSEGUIÇÃO D@S ESTUDANTES!!!
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Desde ontem (21/11/07) à noite, seis estudantes da Universidade Federal da Bahia, participantes do Movimento de Ocupação da Reitoria da Ufba - MORU, entraram em greve de fome.
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PELA NÃO CRIMINALIZAÇÃO DOS ESTUDANTES!
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PELA NÃO PERSEGUIÇÃO!
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Os estudantes da UFBA que construiram legítima e pacificamente a ocupação da Reitoria durante 46 dias estão sendo AMEAÇADOS PUBLICAMENTE de JUBILAMENTO e abertura de PROCESSO DISCIPLINAR pelo Reitor Naomar de Almeida Filho e pela Procuradora-Geral da UFBA, Ana Guiomar.
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PELO RESPEITO À DEMOCRACIA!

NOTA PÚBLICA ADUNEB

NOTA PÚBLICA

Em face dos acontecimentos da última quinta-feira, 15/11, referentes ao episódio de desocupação da Reitoria da UFBA e da prisão de quatro estudantes universitários, inclusive de um estudante da UNEB, a ADUNEB vem a público afirmar:

1. Que dá total apoio a luta dos estudantes da Universidade Federal da Bahia e de todos os segmentos da sociedade que, comprometidos com os princípios e as bandeiras dos que defendem a universidade pública, gratuita, socialmente referenciada e laica, lançam mão dos mais variados recursos para se defenderem ante a investida dos governos e dos grupos gestores contra a Universidade;

2. Que condena a atitude do reitor Naomar Almeida, que ao invés de abrir diálogo com os estudantes que ocupavam o prédio da Reitoria da UFBA, preferiu solicitar a reintegração de posse na justiça que culminou no episódio da desocupação violenta promovido por forças da Polícia Federal que agiram com a mais vil truculência;

3. Que se solidariza com os estudantes que foram presos e espancados e também com aqueles que sofreram outros tipos de violência física e psíquica;
4. Que tendo conhecimento dos significados de reformas como o REUNI do governo Lula e das tentativas do governo estadual em impor processos de reestruturação/regionalização das UEBAs, sem o conhecimento e a concordância da comunidade, a ADUNEB reafirma que desenvolverá uma luta sem tréguas contra tais tipos de agressão à autonomia da Universidade, já que implicam em tentativas de desmonte a serviço de interesses escusos de governantes irresponsáveis e de organismos financeiros internacionais.

Salvador, 19 de novembro de 2007.

A Diretoria da ADUNEB

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

TEXTO DO PROFESSOR ROBERTO LEHER SOBRE A INVASÃO DA PF À REITORIA-UFBA EM 15/11/07


DESOCUPAÇÃO MANU MILITARI REIVINDICADA PELO REITOR DA UFBa: UMA AMEAÇA A TODAS AS UNIVERSIDADES PÚBLICAS

Roberto Leher (FEUFRJ)


Em um contexto muito distinto, pois as proporções da ocupação estudantil eram incomensuravelmente maiores, Albert Einstein ligou para seu amigo, Max Born, igualmente um grande físico, Nobel de 1954, para expressar sua preocupação com o fato de que um grupo de estudantes revolucionários tinha ocupado a Universidade de Berlim, por ocasião do final da I Guerra Mundial, e prendido o reitor e alguns professores. Mesmo estando os estudantes armados – o confronto militar ainda não havia cessado inteiramente – Einstein não hesitou em se dirigir à universidade para dialogar com os jovens. Por sua respeitabilidade como professor e cientista, ele pôde entrar na universidade ocupada, defender o valor da liberdade acadêmica e, a seguir, intermediar as negociações com o presidente recém eleito, Friedrich Ebert, solucionando o conflito sem repressão e arrogância.

Quase 90 anos após este episódio, por ordem do reitor da UFBa, na data comemorativa da proclamação da "República", ao raiar do dia, a Polícia Federal invadiu a Reitoria ocupada por estudantes há 46 dias, usando da força, levando estudantes de camburão para a Polícia Federal e despejando seus utensílios como se fossem lixo. Considerando o contraste com a postura de Einstein, não surpreenderá se o reitor abrir um processo interno para jubiliar os jovens que estavam ocupando um espaço público para reivindicar o debate democrático sobre um projeto de reestruturação da universidade. Por imposição do MEC e aquiescência do reitor com o ato heterônomo do governo, o referido projeto foi votado a toque de caixa, sem real discussão com a comunidade acadêmica, via-de-regra em sessões que violaram os valores acadêmicos mais estruturantes da instituição universitária, como o esclarecimento, o diálogo entre os pontos de vista divergentes e a publicidade dos atos nos colegiados universitários.

Tive o privilégio de ter sido convidado para uma conversa informal com os estudantes na ocupação, quatro dias antes da repressão Federal, por ocasião do III Encontro de Educação e Marxismo, realizado na UFBa, no qual faria uma fala no dia seguinte. Em pleno domingo, e ao mesmo tempo em que a duas quadras estava sendo realizado um show conjunto Titãs - Paralamas do Sucesso, cerca de 70 jovens optaram por discutir questões mais profundas da universidade: a sua função social, a autonomia universitária, as consequências da mercantilização e da conversão das universidades federais brasileiras em organizações de ensino terciárias, nos termos bancomundialistas e do projeto Universidade Nova/REUNI.
A abertura da conversa foi a partir de um criativo ato teatral inspirado no teatro do oprimido. A prosa teve como eixo a relevância das lutas estudantis de Córdoba – realizadas no mesmo ano em que Einstein corajosamente defendeu o ethos acadêmico sobre a força policial-militar (1918) – para a reforma das universidades latino-americanas, contra o dogmatismo das oligarquias, das igrejas, dos catedráticos avessos à pesquisa e à docência e em defesa da liberdade de cátedra, da indissociabilidade entre o ensino e a pesquisa, do governo compartilhado, do livre acesso dos jovens à universidade e do compromisso das universidades com os grandes problemas dos povos.


A despeito da existência de pontos de vista distintos, o ambiente na ocupação era radicalmente democrático, respeitoso com a divergência, construtivo no pensar e fazer alternativas à "velha universidade" subordinada à razão instrumental de um capitalismo dependente. Ao lado dos painéis de azulejo, um precioso patrimônio, o alerta de que nada deveria ser colado em cima dos mesmos, pois as instalações da universidade são públicas. Há muito tempo não pude estar em um ambiente em que os valores universitários fossem tão vivos e genuinos. Saí da conversa otimista quanto ao futuro da universidade pública, pois minha convicção de que somente teremos uma reforma radical das universidades públicas com o forte protagonismo estudantil foi reforçada pelas extraordinárias contribuições daqueles estudantes.


Em nome do futuro da universidade podemos celebrar a figura de Einstein. O reitor da UFBA, por outro lado, juntar-se-á a uma seleta galeria de "reitores" que tentou impor os seus pontos de vista por meio da repressão, como foi o caso do ex-"reitor" da UFRJ José Henrique Vilhena, e de todos os que silenciaram coniventes diante do AI-5 e do Decreto 477.
A continuidade das retaliações contra os estudantes tem de ser vista como uma séria ameaça à concepção de universidade como um espaço de liberdade ilimitada em que é possível errar, sonhar e criar. Todos os que defendemos a liberdade acadêmica estaremos acompanhando com atenção os atos da administração para resguardar o direito a livre manifestação dos estudantes que, afinal, na áspera história da América Latina foi decisiva para forjar a universidade latino-americana!

domingo, 18 de novembro de 2007

TRUCULÊNCIA POLICIAL NA UFBA

Estudantes da UFBA espancados ou Saudade de Felippe Serpa, Magnífico Reitor!

Menandro Ramos


Há exatos quatro anos o salão nobre da UFBA acolhia, em velório, o corpo de um Magnífico Reitor, o mais democrático de toda a história da Universidade Federal da Bahia. Ele foi pranteado, sobretudo, pela sua grande tolerância com o diferente e pelo seu espírito democrático. Sem dúvida, o Professor Fellipe Serpa notabilizou-se pela sua capacidade de dialogar com todos: estudantes, servidores técnico-administrativos, professores, movimentos sociais, sociedade baiana em geral.

Lamentavelmente, quatro anos depois, o Palácio da Reitoria é palco de violência contra estudantes, numa ação de pouca ou melhor, nenhuma magnificência.

Exatamente dia 15 de novembro, a data magna da República. A esta se juntarão mais duas outras funestas para a história da UFBA. A primeira delas ocorrida no período da ditadura militar e a segunda no governo de César Borges, em 16 de maio de 2001, por ocasião do incidente do painel do senado federal, em que se envolveu o senador Antônio Carlos Magalhães, quando a truculência da polícia militar deixou suas marcas nos corpos de estudantes e provocou destruição em unidades acadêmica do Campus do Canela (veja no site da FACED/UFBA: http://www.faced.ufba.br/violada.htm). Todas elas tristes e desnecessárias. Infelizmente, ainda hoje, a borduna substitui o diálogo. Mil vezes lamentável.

Já faz parte do anedotário nacional que o Prof. Pedro Calmon, ex-reitor da Universidade do Brasil, bradava contra as invasões dos campi universitários, no pós-64, dizendo que militares só deveriam entrar nas universidades por vestibular. Se ele foi o autor da frase ou não, pouco importa. Mas que a idéia brilhante deveria ser praticada, isso deveria. Era o que vivia dizendo o Prof. Felipe Serpa.

Há quatro anos o coração dele deixou de bater. Ele faz uma enorme falta, mas seu exemplo deve inspirar os dirigentes da UFBA Sua saída triunfal no encerramento do seu reitorado e o carinho com que os estudantes o acolheram, no Pelourinho, são testemunhos do quanto foi querido e admirado. Pena que seu legado vem sendo esquecido...

sábado, 17 de novembro de 2007

Invasão da Reitoria da UFBA pela Polícia Federal

Depois de 46 dias de ocupação da reitoria da Universidade Federal da Bahia pelos estudantes que lutam por uma assistência estudantil de verdade e contra o REUNI, o REItor-DITADOR, Naomar de Almeida Filho, proclama A República Autoritária da Universidade Federal da Bahia com a INVASÃO da "Tropa de Elite" da Polícia Federal à reitoria ocupada.

Assista:



Parte 2:

CARTA DE APOIO DA OPOSIÇÃO SINDICAL A DIREÇÃO DA APUB

EM DEFESA DA AUTONOMIA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA

CONTRA A ENTRADA DA POLICIA PARA DESOCUPAR A REITORIA DA UFBA


No dia 15 de novembro de 2007, dia da proclamação da Republica Federativa do Brasil, as 07:00 horas da manhã, por determinação judicial, a pedido do reitor da UFBA - Universidade Federal da Bahia -, Professor Naomar de Almeida Júnior, a polícia federal, entrou no prédio da reitoria, para cumprir a reintegração de posse desalojando os estudantes que há 45 dias ocupam o prédio da reitoria, por assistência estudantil e contra o REUNI –, Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI - Decreto Lei no. 6096/07), que foi aprovado por um CONSUNI (Reunião do Conselho Universitário) sem as condições normais de funcionamento e que está sendo questionado. Na ação da polícia resultaram quatro estudantes detidos (Luciana, Gabriel, Rodrigo e Marcos), estudantes feridos fisicamente, estudantes abalados e, os que viram e testemunharam o desenrolar da situação estarrecidos frente aos fatos.

Nós professores que nos opomos a atual direção da APUB, que é cúmplice da reitoria porque apóia o REUNI, sem ter consultado os professores da universidade em assembléia, fórum legitimo de decisão da categoria e que vem se manifestando publicamente com acusações improcedentes ao movimento dos estudantes, somos contra a entrada da policia na universidade, fato inaceitável e que poderia ter sido evitado mediante medidas do atual reitorado. Testemunhamos que o movimento de resistência organizado pelo movimento estudantil da UFBA através de suas entidades e fóruns é legítimo e representativo, vem lutando pacificamente contra o REUNI – decreto do governo Lula, que viola a autonomia universitária e não atende as históricas reivindicações do movimento estudantil, movimento docente e técnicos-administrativos. Testemunhamos também que foram tomadas medidas judiciais e autorizado o uso do aparato da policia federal para tratar de uma questão política e pedagógica no interior da universidade, o que é incabível nas dependências de uma instituição de ensino superior.
Nós professores, que lutamos em defesa da universidade pública, laica, autônoma, democrática, socialmente referenciada, que somos contra o REUNI por compreendermos suas nefastas conseqüências, que lutamos contra a precarização do trabalho docente e a política de arrocho salarial de técnicos-administrativos e professores, nos posicionamos REPUDIANDO A ENTRADA DA POLICIA NO CAMPUS UNIVERSITÁRIO e nos solidarizamos com o movimento estudantil.

Lamentavelmente a direção do sindicato dos professores - APUB -, se manifesta em apoio as medidas do reitor e contra os estudantes que defendem a universidade pública. Apoiar o REUNI é apoiar um projeto de destruição da universidade pública, porque precariza o trabalho docente, não prevê recursos públicos suficientes para as demandas de expansão do ensino superior no Brasil e cria ilusões quanto ao ingresso e permanência dos jovens na universidade. Queremos sim expansão da universidade, esta é uma bandeira histórica dos que lutam em defesa da universidade pública, laica, socialmente referenciada, lutamos, sim, por mais verbas para a educação em geral e em especial a educação superior no Brasil, e não concordamos com programas que iludem e não asseguram a efetiva aplicação de recursos públicos que garantam a ampliação de vagas, o acesso a todos, permanência dos estudantes e a possibilidade de conclusão de um curso com qualidade. Só com recursos suficientes reivindicados pelos estudantes será possível garantir, juntamente com mais vagas, a assistência estudantil necessária para evitar a evasão dos jovens na universidade.

O dia 15 de novembro de 2007 ficará marcado na história da UFBA e do Brasil como mais um dia em que, por solicitação de reitores, a justiça determina a entrada da policia no interior da universidade. Mas ficará marcado também pelo nosso veemente protesto contra as ações policiais na universidade, contra o REUNI , em defesa da educação pública para todos. Repudiamos as ações policiais contra aqueles que hoje resistem em defesa da universidade pública. Repudiamos qualquer medida de criminalização dos movimentos, perseguição e punição aos que lutam e resistem à destruição da educação pública no Brasil. Hoje a ação foi contra os estudantes, amanha será contra nós.

Conclamamos a todos a se mobilizarem e se posicionarem em defesa da universidade pública. Está em curso no Brasil e em todo mundo a implementação de um projeto de educação que não interessa a classe trabalhadora. O modelo de universidade expresso no REUNI – não interessa ao povo brasileiro. Vamos a luta.


SINDICATO É PARA LUTAR – EM DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA - CONTRA O REUNI
OPOSIÇÃO SINDICAL A DIREÇÃO DA APUB