Movimento de Ocupação da Reitoria da UFBA - MORU

Desde o dia 1º de outubro DE 2007, estudantes da Universidade Federal da Bahia ocupam a Reitoria da instituição com o objetivo de protestar contra a atual (falta de) política de assistência estudantil da gestão do reitor Naomar de Almeida Filho e contra o decreto que institui o REUNI, além de pretenderem amadurecer o debate e a luta por um modelo de universidade realmente popular.

E-mail para contato: ocupacaoufba@gmail.com

Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=40242527

Chat: #reuni (basta escolher um "Nickname" depois Clicar no botão "Chat!")

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

HOJE NA OCUPAÇÃO - AULA PÚBLICA

A Universidade na perspectiva do Movimento Negro: discutindo o REUNI

  • Programa de Ações Afirmativas na UFBA: promessas e dívidas.
  • A Universidade que queremos: por que somos contra o REUNI.

ONDE? Reitoria UFBA
QUANDO?
Nesta quinta-feira, dia 01/11/07
QUE HORAS? 18h00min

REALIZAÇÃO:

FORUM PERMANENTE EM DEFESA DAS AÇÕES AFIRMATIVAS
NENU – PÉROLAS NEGRAS – QUILOMBO ORUBU – INSTITUTO STEVE BIKO – MOJUBÁ – CEAFRO – MNU - NÚCLEO MACOTA VALDINA – NUMAR.

PARTICIPE!!!

4 comentários:

Anônimo disse...

Entendo o objetivo de alguns estudates por causa do REUNI, porém, assim como foi divulgado esse projeto, alguns "defenssores" agem da mesma forma que o Reitor e impedem a liberdade de escolha dos estudantes em aderir ou não a paralização das aulas.

A ditadura dos "defenssores"...

Anônimo disse...

Original Message -----
From: Telesforo Martinez Marques
To: debates-l@listas.ufba.br
Sent: Wednesday, October 31, 2007 1:20 PM
Subject: [Debates-l] aula


Colegas ,
Leiam com atenção o texto a seguir do Prof. Francisco Duarte Santana. Trata-se de uma verdadeira aula de política, cidadania e brasilidade e mostra claramente que o aparelhamento do Conselho Universitário e da Apub levará a Ufba ao caos.
Telésforo - Igeo


A INVASÃO DA REITORIA E A GUERRILHA DO ARAGUAIA.

Os melhores capatazes e capitães do mato dos escravocratas foram os escravos libertos ou renegados. Os piores inimigos dos índios da América do norte, não eram os soldados da cavalaria americana, mas os índios renegados. Apesar dos seus valorosos serviços prestados, esses renegados jamais foram respeitados por seus novos senhores, foram apenas usados, humilhados e descartados posteriormente, além de esquecidos pela história.

Portanto era natural, que o movimento de direitização em curso na UFBA, tivesse a participação fundamental de esquerdistas ou comunistas renegados.

Há muito, um punhado de jovens, oriundo em sua maioria da esquerda universitária, embrenharam-se pela floresta brasileira para implantar uma guerrilha camponesa contra o regime sócio-político instalado pelo golpe de 64.

Esse minúsculo grupo de guerrilheiros, não representava nem um milionésimo do povo brasileiro, nem qualquer cifra significativa dos camponeses brasileiros, ou dos operários brasileiros, ou de estudantes, intelectuais, ou seja lá de que categoria social fosse. Não tinham respaldo da CONTAG, ou qualquer FETAG ou sindicato rural, urbano, ou entidade estudantil ou seja lá o que for. Devem ter tido alguma ajuda de algum órgão ou partido de fora do Brasil (talvez até em armas), ligado provavelmente à China ou Albânia, o que seria muito pior do que os ocupantes da Reitoria receber um prato de comida dos professores da UNEB, para aqueles que acham isso um crime.

Entretanto, pode-se até acusar os guerrilheiros do Araguaia de erro de avaliação política, mas jamais se pode deixar de enaltecê-los pela abnegação, pelo espírito de patriotismo, pelo idealismo praticante e, sobretudo pela coragem.

Podemos imaginar como deve ter sido a ordem do dia lida nos quartéis naquela época. Mesmo que com palavras totalmente diferentes, na essência não deve ter sido diferente disso:

INTOLERÂNCIA DE SUBVERSIVOS SECTÁRIOS NÃO IMPEDIRÁ A NAÇÃO DE APROVAR O PROJETO DE AUMENTO DE INVESTIMENTOS E DE REESTRUTURAÇÃO DA POLÍTICA ECONÔMICA DO BRASIL

Gal. Emílio Garrastazu Médice

Apesar da xenofobia dos truculentos defensores da ordem daquela época, alguns dos oficiais que reprimiram a guerrilha, fizeram posteriores declarações reconhecendo a bravura e o idealismo dos guerrilheiros. Ou seja, esses limitados repressores, por uma formação estreita direcionada para a guerra e a morte, e por uma ideologia xenófoba, foram capazes de distinguir naqueles seus inimigos irreconciliáveis, seres humanos com algumas virtudes, apesar de se acharem com o dever de matá-los por força de ofício.

Fico, portanto pasmo com as declarações de certos professores na avaliação dos últimos acontecimentos da UFBA. Os guardiães atuais da "ordem universitária", que deveriam ser os exemplos de uma formação humanística e universal, conseguem ir mais além do que alguns membros da guarda pretoriana da ditadura militar. Além de caracterizar (ridiculamente) um grupo de estudantes idealistas como agentes de uma conspiração maquiavélica e subversiva do ANDES (da URSS na época dos militares) tentam desqualificar esses estudantes até o último grau de existência como estudantes universitários, tentando-lhes retirar até a alma de jovem estudante. É a conseqüência natural de serem também vítimas de um processo de auto desqualificação como professores universitários.

Esses professores deveriam fazer uma retrospectiva histórica da UFBA e se inspirarem nos reitores (vide Edgard Santos e Felipe Serpa) e professores que enfrentaram invasões piores do que essa com espírito universitário e em nenhum momento consideraram a sua autoridade maculada.

Aliás, muitos dos professores que se horrorizam hoje com essa ocupação, participaram de uma ocupação da Reitoria para impedir a posse de um Reitor, que foi eleito num processo legitimado por regras que foram elaboradas (burramente por sinal) por esses mesmos professores.

A Escola Politécnica, onde eu me formei, foi pródiga em exemplos dessa relação entre professores conservadores e estudantes rebeldes. Um ou alguns estudantes sorrateiramente e na calada da noite, roubaram o busto de Juracy Magalhães que ornamentava o salão nobre da Congregação da Escola. Deve ter havido na direção da escola um momento de desejo de revanche talvez até algumas ameaças, não me recordo de tudo, mas no final a Congregação determinou que fosse cinzelado outro busto e colocou uma lápide no assunto, até para não dar aos subversivos o gosto de criarem uma crise sem solução pacífica ou não traumática. Houve até episódios hilários patrocinados pelos próprios professores conservadores. O catedrático Pedro Tavares falou na sala de aula mais ou menos assim:

"Olha, não queremos saber quem roubou o busto. Eu faço a seguinte proposta: o autor, leva no fim da noite o busto e coloca na porta de minha casa, buzina e eu espero cinco minutos para pegar. Aliás, mudei de idéia, lá em casa não tem ninguém precisando de busto não, leva para a casa da Professora Lolita".

Risos generalizados. A Professora Lolita era magérrima e carecia realmente desse atributo feminino.

Poderíamos citar outros exemplos, como a falsificação da assinatura do diretor da escola para requisitar balões meteorológicos e com eles simular uma invasão de discos voadores à noite aterrorizando a população, etc.

Um aluno dos maristas, quebrou os faróis do carro do Prof. Trípoli Gaudenzi (ou outro tipo de dano), pois pensou (erradamente) que tinha acabado de ser reprovado na oral de química. A direção dos Maristas expulsou o aluno. Trípoli era catedrático de Medicina e ensinava nos Maristas como uma retribuição a seus ex-mestres. Assim que ele soube, dirigiu-se furioso aos Maristas e exigiu a reintegração do aluno sob pena de ele não ensinar mais lá.

Essa era a diferença dos antigos professores conservadores da atual "direita universitária". Não eram mesquinhos nem medíocres. Eles poderiam punir, repreender e até ameaçar, mas jamais, como regra geral, chegar a um rompimento definitivo. No fundo eles tinham orgulho da existência desses alunos rebeldes, pois sentiam que fazia parte da formação do futuro cidadão. Eles aceitavam como direito do jovem, a rebeldia, a irreverência e até a irresponsabilidade. O próprio professor Tavares declarou certa vez: "Sabe o que eu invejo em vocês? Não é nada disso que vocês estão pensando. É a falta de responsabilidade."

É claro que havia exceções e violentas, mas não era a regra geral. O que mete medo agora, é que essa posição xenófoba e ridícula abrange a maioria absoluta do Conselho Universitário, a totalidade da direção da APUB, comandadas por um Reitor politicamente esperto e assessorada pela esquerda renegada.

Se os conservadores de ontem admitiam dialeticamente, a convivência da subversão com a autoridade, a disciplina com a rebeldia, etc., a esquerda renegada esqueceu-se da dialética. E não podem alegar que os guerrilheiros de ontem combateram a ditadura e que hoje existe uma democracia. Ou também a esquerda renegada esqueceu que ontem elas pregavam que uma ditadura econômica pode ser muito mais subjugadora e opressora, que uma ditadura militar? Além disso, para a maioria absoluta do povo, não existia a ditadura, só para o cidadão consciente. Se Garrastazu Médice fosse candidato se elegeria com 90% dos votos, era muito mais popular do que Lula e sem o auxílio de um Duda Mendonça e ibopes falsos e investindo menos em publicidade. Jamais Garrastazu tomaria uma vaia daquela no Maracanã. A comunidade internacional reconhecia o Brasil como país democrático, pois havia eleições "livres" para o parlamento; se o chefe de governo era eleito indiretamente, isso também acontecia na Europa parlamentarista; o bipartidarismo existia nos EUA. A diferença estava em que se alguém tentasse avançar além dos limites permitidos, os pitbulls de prontidão eram soltos imediatamente. É o que a Reitoria quer fazer com os estudantes, lhes impor limites de ação e contam com o Conselho e a APUB no papel de pitbulls.

Mas se algum ex-guerrilheiro quiser polemizar sobre isso, eu cito outro exemplo de guerrilha urbana em plena aurora da redemocratização brasileira. Quando o ex-prefeito Mário Kertz aumentou o preço da passagem de ônibus, pequenos grupos com pedras, surgidos de diversos cantos transformaram o transporte urbano em um caos. A população baiana que dependia desse transporte ficou com seu direito de ir e vir, parcialmente ou totalmente negado. A ausência hoje de vidro traseiro nos ônibus (e oportunamente usada para propaganda) foi uma seqüela daquela época. Quem liderou e incentivou o movimento? Dois vereadores do PCdoB assumiram os bônus e um deles saltou de vereador para deputado federal na eleição seguinte. E nem por isso o direitista Mário Kertz baixou ao nível da xenofobia da direita da UFBA. Recuou e desistiu do aumento. Não tem muitos anos que os estudantes pararam o trânsito (dessa vez sem pedras), sem apoio de suas entidades e foram vitoriosos.

Esse é um quadro que vem se repetindo: movimentos espontâneos, rompendo o silêncio e a omissão de suas lideranças cooptadas (pelegas). O país está caminhando para um beco sem saída, cujas conseqüências são imprevisíveis, pela omissão de seus cidadãos e pela desesperança. Movimentos como esses dos estudantes não são motivos de preocupação, mas a ausência deles sim. São como a flor do deserto, deserto político construído pela direita da UFBA sob a liderança da APUB; são como a flor do pântano onde está sendo afundada a UFBA e o país.

Torçamos para que esse movimento não seja o último canto do cisne.

Luamorena Leoni disse...

É uma pena que este seja um comentário anônimo - perde a metade da credibilidade que aquilo que é dito teria se @ autor(a) o assumisse. Mas, como há um quê de verdade nas palavras, ele merece tanto permanecer online quanto uma resposta bem dada.

É verdade que existem alguns "defensores" do Reuni - o que não é o caso do MOvimento de Ocupação da Reitoria da UFBA - impondo paralisações das aulas aos estudantes. Foi assim, inclusive, que aconteceu na Escola de Belas Artes, segunda-feira passada, dia 29/10. E, surpreendentemente, esses "defensores" são os mesmos que, desde o início dessa ocupação, em 01/10, vêm defendendo que os/as ocupantes da reitoria, enquanto individuos, não têm autonomia para decidir os rumos do movimento que estão construindo: que quaisquer ações da ocupação que são sejam consenso sejam definidas em reunião dos DA's e CA's da UFBA (CEB), pregando, de maneira quase religiosa, o respeito e o culto às entidades.

Acontece duas coisas: a primeira é que, infelizmente, o CEB, não está ocupando a reitoria - assim como não estava apanhando dos Conselheiros Universitário e dos Seguranças "Patrimoniais" em Direito, no dia do CONSUNI fraudulento. Assim como, em todas as ameaças de Reintegração de Posse (que, provavelmente, será via PM, já que a Polícia Federal está em greve), o CEB nunca apareceu na ocupação para apanhar junto com os que estão lá há 33 dias. O CEB também nunca se preocupou, nesses 33 dias, em viabilizar as condições mínimas de sobrevivência dos/das ocupantes (como correr atrás de grana pro rango, como dividir o trampo nas comissões que tocam a ocupação, etc). Em fim, o CEB, enquanto CEB, não existe na ocupação. Existem pessoas, que fazem parte de DA/CA, que estão na ocupação, construindo luta. Mas isso não lhes dá um valor maior do que o daqueles/daquelas que não são DA e CA e estão lá para, se preciso for, apanhar junto.

A segunda coisa é que dois fóruns gerais do DCE-UFBA aconteceram e, em ambos, não se deliberou por paralisar coisa alguma. A assembléia geral dos estudantes da UFBA, dia 24/10, começou e "terminou"sem decidir coisa alguma - na realidade, ela foi implodida para a realização de um ato político que, puxado pelo DCE-UFBA, serviu muito mais de agente demobilizador: desviou o foco da luta contra o Reuni para a luta contra o rabo-de-cavalo do rei-thor Naomar Monteiro de Almeida Filho, e fez com que as 500 pessoas que estavam na assembléia e participaram do ato não se tornassem, de fato, contrutoras da nossa luta. E o CEB do dia 26/10, sexta-feira retrasada, decidiu por não paralisar as aulas na segunda, por entender que paralisação é uma manifestação que é válida quando é construída pelo coletivo de estudantes de uma Faculdade/Unidade de ensino, e não quando é imposta por um grupinho pequeno a um grupo maior - isso seria um piquete, e o CEB entendeu que, nesse momento do movimento aqui na UFBA, ele não era o melhor instrumento. O próprio CA de Belas Artes (CAUEBA) defendeu e votou contra a paralisação no CEB. E foi esse mesmo CA (na realidade, parte dele, ligada umbilicalmente à Diretoria do DCE-UFBA) que impôs a paralisação das aulas aos estudantes.

Não é no mínimo contraditório que os defensores do REUNI, que são, coincidentemente, os defensores das entidades enquanto a única forma de organização dos estudantes para construir lutas e mobilizações - porque são os espaços verdadeiramente democráticos e instituidos para tal - imponham, na tora, paralizações às unidades de ensino? Onde está a democracia, afinal? Ou será que ela virou mais um chavão político, usado como justificativa para que, de maneira violenta, esses "defensores" assumam um controle sobre a atual movimentação contra o REUNI e pela assistência estudantil de verdade na UFBa, coisa que nem eles e nem ninguém nunca teve?

Não estamos em tempo de ditadura, não, Anônimo, não precisa se autocensurar, pode assumir o que diz e o que faz. E, de preferência, nos espaços da própria ocupação que, neste momento, enfrenta, altiva e ativa, mais um feriadão. Abraços, e espero te ver lá!

Luamorena Leoni
Membro do DAMED - UFBA (DA de Medicina da UFBA), que está, junto com outros estudantes, residentes e, eventualmente, membros de DA/CA, construindo a ocupação.

Anônimo disse...

O repasse acima foi feito por mim, sei que você, Lua Morena, saberá quem está enviando esta mensagem, pois sou um amigo (assim me considero) que você sabe que não posso aparecer pelos motivos que já te falei.
Estes e-mails estão sendo passados em uma comunidade de professores e um professor de dentro está me repassando, mas não posso expô-lo por isso estou colocando aqui para que todos tenham acesso e eles estão assinados pelos professores que os escreve.
Eu ainda acredito na luta que vem de pessoas como Lua Morena e de tantos que ainda conservam sua consciência e não quer fazer do movimento um palanque.
Estarei sempre lutando, mesmo que por traz dos bastidores, eu não posso e nem quero aparecer, não preciso de palanque e vou comemorar comigo e com os mais próximos a guerra vencida.

Força para todos.