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Matéria sobre a ocupação da Reitoria da UFBA publicada no site Brasília 17, do Movimento Negação da Negação:

REITORIA DA UFBA OCUPADA

09.10.2007

Desde o dia 1º de outubro a reitoria da Universidade Federal da Bahia está ocupada por cerca de 100 estudantes. O estopim da ocupação foi o vazamento de gás no restaurante universitário de Vitória, que inclusive causou danos à saúde de alguns funcionários, assim como a situação precária das moradias e restaurantes da UFBA. Num primeiro momento o movimento da ocupação teve um caráter bem específico, com pautas que somente reivindicavam melhorias na quase inexistente política da assistência estudantil do reitor Naomar de Almeida Filho. Mas logo no terceiro dia de ocupação a mobilização já começou a ganhar um caráter mais amplo, e a pauta se estendeu à discussão sobre a universidade, principalmente sobre o destruidor REUNI, que tentará ser aprovado pela reitoria da UFBA no próximo CONSUNI (Conselho Universitário), no dia 17 de outubro.

DCE petista tenta boicotar a movimentação
Desde o começo da semana, o DCE petista da UFBA (composto pelos grupos AEe DS) já demonstrava seu medo diante da radicalidade que o movimento poderia adquirir, e seu medo sobretudo em relação à oposição dos estudantes à destruição das universidades federais promovida pelo governo Lula. Querendo a todo custo frear a ocupação e restringir a pauta, o DCE primeiro tentou manipular a comissão de negociação com o pró-reitor de assistência estudantil, que assinou um papel se comprometendo a atender algumas reivindicações emergenciais como a reforma do restaurante universitário e das residências 1 e 3, alegando que as conquistas ali já estavam garantidas. Depois, tentaram acabar com a ocupação numa tentativa de votar sobre os rumos do movimento num Conselho de Entidades de Base, o CEB, que foi auto-convocado pelos CAs que apoiavam a ocupação para chamar uma assembléia geral da UFBA, mas acabou tendo como mesa o próprio DCE manobrando!

Resposta dos estudantes
A resposta foi clara. Quanto ao primeiro ponto, a assinatura do pró-reitor, os estudantes se negaram a desocupar a reitoria diante desse documento. Segundo os estudantes, muitos outros documentos já foram assinados pela reitoria e nunca foram cumpridos, e desta vez os estudantes disseram não! Não se retirarão da reitoria por causa de um documento garantindo a reforma do restaurante universitário e das residências 1 e 3, porque sabem que a assinatura dos burocratas não garante nada e porque as reformas não são suficientes. E quanto a segunda tentativa de traição do DCE petista, os estudantes disseram mais uma vez não! Os rumos da ocupação não são decididos no CEB, mas são decididos por votação direta? uma cabeça, um voto? são decididos por todos os estudantes que participam da ocupação. Os CAs e DAs, se retiraram do CEB como forma de repúdio à tentativa de golpe do DCE.

Ao que parece o DCE está sendo esmagado pela mobilização que começa a ganhar mais força na UFBA; apavorados com as pautas que lançam o movimento a questionar a universidade=shopping, a universidade das pequenas reformas, da mão-de-obra barata e especializada e a universidade do REUNI, o petismo estudantil tenta a todo custo conter as barricadas, as assembléias e as ocupações.

A pressão do DCE petista para que a pauta de reivindicações ficasse somente nas pautas imediatas foi inútil; os estudantes decidiram incluir na pauta a questão do REUNI. Essa ampliação é importante em primeiro lugar porque começa a questionar o modelo de universidade que vem sendo aplicado na UFBA e em todo o país, e também porque como relata um estudante à rádio da ocupação “depois que saiu do que era mais específico pareceu que as mobilizações deram já algum resultado, apareceram mais pessoas, mas ainda tem potencial pra se fortalecer e mais pessoas aderirem”.

A discussão ainda é inicial, mas já aponta o que na ocupação da USP ficou também claro, que esta universidade não serve aos interesses da maioria que nela estuda e trabalha, e que as migalhas que o pró-reitor já concedeu aos estudantes da UFBA nada são diante da profunda crise por que passa a universidade. Até agora a pressão da reitoria é dizer que só negocia com o representante dos estudantes, o DCE petista, mas a pressão dos estudantes organizados poderá ser maior do que essa burocracia autoritária que quer impor a universidade=ruínas.

Na próxima terça-feira, 09 de outubro, os estudantes organizarão um ato nos diversos campi da UFBA e farão às 14h, em oposição à vontade do DCE, uma assembléia geral para decidir os rumos das mobilizações.

Disponível em: http://www.brasilia17.org/noticia.php?secao=tl&indice=071009a