Menandro Ramos
Há exatos quatro anos o salão nobre da UFBA acolhia, em velório, o corpo de um Magnífico Reitor, o mais democrático de toda a história da Universidade Federal da Bahia. Ele foi pranteado, sobretudo, pela sua grande tolerância com o diferente e pelo seu espírito democrático. Sem dúvida, o Professor Fellipe Serpa notabilizou-se pela sua capacidade de dialogar com todos: estudantes, servidores técnico-administrativos, professores, movimentos sociais, sociedade baiana em geral.
Lamentavelmente, quatro anos depois, o Palácio da Reitoria é palco de violência contra estudantes, numa ação de pouca ou melhor, nenhuma magnificência.
Exatamente dia 15 de novembro, a data magna da República. A esta se juntarão mais duas outras funestas para a história da UFBA. A primeira delas ocorrida no período da ditadura militar e a segunda no governo de César Borges, em 16 de maio de 2001, por ocasião do incidente do painel do senado federal, em que se envolveu o senador Antônio Carlos Magalhães, quando a truculência da polícia militar deixou suas marcas nos corpos de estudantes e provocou destruição em unidades acadêmica do Campus do Canela (veja no site da FACED/UFBA: http://www.faced.ufba.br/violada.htm). Todas elas tristes e desnecessárias. Infelizmente, ainda hoje, a borduna substitui o diálogo. Mil vezes lamentável.
Já faz parte do anedotário nacional que o Prof. Pedro Calmon, ex-reitor da Universidade do Brasil, bradava contra as invasões dos campi universitários, no pós-64, dizendo que militares só deveriam entrar nas universidades por vestibular. Se ele foi o autor da frase ou não, pouco importa. Mas que a idéia brilhante deveria ser praticada, isso deveria. Era o que vivia dizendo o Prof. Felipe Serpa.
Há quatro anos o coração dele deixou de bater. Ele faz uma enorme falta, mas seu exemplo deve inspirar os dirigentes da UFBA Sua saída triunfal no encerramento do seu reitorado e o carinho com que os estudantes o acolheram, no Pelourinho, são testemunhos do quanto foi querido e admirado. Pena que seu legado vem sendo esquecido...
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